quinta-feira, março 22

Trabalhar na Boots

Passo a transcrever o texto de uma colega que decidiu procurar emprego nessa bela ilha onde se conduz pela esquerda:


«Aqui as pessoas pagam sempre o mesmo valor independentemente do medicamento que levam, ou seja pagam 6,65 libras por cada medicamento mas ha uma série de condições que isenta as pessoas de pagar, como por exemplo ser menor que 16, ser maior que 60, uma gravida desde o momento que sabe que está grávida até a criança completar 1 ano também está isenta, se for diabético, epiléptico, desempregado etc etc etc! Além desta mais valia de a maioria das pessoas não pagarem medicamentos, e quando pagam é barato, há outras! Pessoas que estão numa medicação crónica podem se quiserem dispensar a ida ao médico pedir mais receitas e chatearem-se ( como acontece em Portugal, em que as pessoas levam as tampinhas das caixas á recepcionista e depois o médico ou esquece algum ou passa outro diferente) porque podem simplesmente pedir na farmácia para lhe encomendarem as receitas. Como? Bom, cada receita tem acoplada uma folha onde vem o nome dos medicamentos que estão na receita e tem um quadradinho á frente, quando o utente vem aviar a receita a primeira vez e é medicação crónica pode por uma cruzinha em frente dos medicamentos que lhe estão a acabar e pedir para daí a 4 semanas os terem prontos. Todos os dias, vai uma pessoa da farmácia levar essas folhas ao centro médico e todos os dias traz receitas já prontas.Quando chega á farmácia é só avalia-las clinicamente, fazer a dispensa e por num saco, já que geralmente não se pagam os medicamentos. Outra coisa diferente é que aqui o doente só leva a quantidade que precisa, se são 7 compridos que está escrito na receita só leva 7, e isso muitas vezes implica cortar o blister, mas o utente já esta habituado a isso. Depois é só por numa caixa de papel e etiquetar! Etiquetar sim porque aqui cada caixa que sai da farmácia leva uma etiqueta em cima a dizer o nome do principio activo, a posologia, algumas advertências mais importantes e o nome do doente, assim ninguém se confunde com a medicação. Como é necessário imprimir etiquetas, os dados do utente estão todos no sistema informático, sabemos sempre o que ele está a tomar, o que já tomou, como está a tomar ( o que torna mais fácil ver as interacções) e sempre que se entraga o saco do medicamento pergunta-se sempre o código postal para confirmar que é o próprio utente, já que aqui o código postal é bastante personalizado! Quando se trata de um xarope em que a caixa tem 150ml mas o médico só passou 50ml, abre-se o xarope e põe-se no frasco a quantidade prescrita! Desta forma não há desperdícios nem auto medicação em casa! Portanto o acto da dispensa pode envolver receitas para serem aviadas na hora, que compreensivelmente implicam alguma espera já que é preciso dividir, imprimir etiquetas, e ser conferido por 2 pessoas diferentes ( os utentes estão habituados) ou pode envolver receitas que se pediu ao médico pelo doente e nesse caso ha 4 semanas para as ter aviadas e num saquinho,e há ainda mais um tipo de receitas que está ligada a pessoas que estão em lares, nesse caso a medicação é colocada num blister gigante que está dividido em dias da semana e refeições do dia. A medicação é colocada lá por ordem de toma ( peq-almoço, almoço, lanche e jantar) e por dia da semana para o utente não se confundir e também para ser mais fácil, é só romper o blister como se se fosse tomar um comprimido, mas saem de lá todos os necessários! Confuso? Não consigo explicar melhor. A minha farmácia é super movimentada e chego a casa todos os dias de rastos, é sempre de um lado pró outro, há centenas de receitas encomendadas para dispensar ás quais ainda se juntam as que o utente trás e quer no momento. Tudo é super controlado, tudo obedece a protocolos, inclusivé a dispensa da pilula do dia seguinte que é só feita por farmacêuticos especializados que preenchem um formulário. Enfim, o mundo farmacêutico aqui é completamente diferente a única coisa que aqui não funciona bem é o sistema de encomendas que funciona por papelinhos e já se sabe como as coisas são! Mas a dividir embalagens é impossível ter o sistema automático que temos em Portugal. Outra coisa muito comum por aqui também são os relief pharmacist, que são tipo os tapa-buracos!Todos os dias há farmacêuticos diferentes na minha farmácia, andam constantemente de umas farmácias para as outras, substituem gente doente ou em férias ou simplesmente preferem assim e trabalhar em vários sítios.»

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